Hoje de manhã (quarta-feira, 26 de junho de 2019), eu estava treinando a Shiba (que, na verdade, é uma SRD que recebeu o nome de Shiba) na praça da Boa Viagem (Niterói - RJ), e duas criancinhas interagiram com ela. A interação foi ótima, rápida e supertranquila, como tem que ser.
Cada criancinha estava acompanhada da respectiva mãe, e foram as mães que se aproximaram com seus filhos. De repente, estavam ali, e eu tinha um segundo para decidir o que fazer.
Se eu tensionasse a guia, poderia desencadear alguma reação. Os sinais corporais que eu podia "ler" na Shiba me diziam que ela estava confortável na situação. Deixei.
Confesso que não fiquei "relax" nem por um segundo. Policiei-me para não tensionar a guia, evitando "mandar a mensagem errada" para a Shiba, mas mantive a guia curta e fiquei 100% ligado em todos os movimentos e nos sinais mais sutis, tanto da Shiba quanto das crianças. Eu queria ter certeza de que seria capaz de evitar qualquer incidente, mas sem que a Shiba percebesse minha apreensão.
Poucos segundos depois, na primeira oportunidade, atraí a atenção da Shiba de volta para mim e dei dois ou três passos para trás. A interação estava terminada e a experiência havia sido positiva.
Em casa, pensando no episódio que acabei de descrever, fui procurar textos e vídeos sobre o tema, algo como "Interação de Pessoas Desconhecidas com Cães Inseguros". Acabei encontrando um vídeo que ilustra – de maneira muito didática – como um cão inseguro (ou medroso) pode interpretar a aproximação de um humano desconhecido.
Clique e assista a este vídeo, porque eu tenho certeza de que você vai gostar.
Em seguida, continue lendo (um resumo que você não vai levar nem 1 minuto para ler) e saiba um pouco mais sobre agressão defensiva ou agressão por medo:
A manifestação exterior no cão pode ir desde congelamento (imobilidade), olhar fixo, grunhido, rosnado ou mordida de advertência até um ataque completo.
Se você pudesse perguntar ao cão, ele provavelmente te diria que todos esses comportamentos são diferentes graduações de comunicação canina, e complementaria dizendo: "O humano me obrigou a fazer aquilo."
Geralmente, um cão que está se sentindo desconfortável (temeroso) com alguma situação começa a tentar comunicar seu desconforto com comportamentos mais sutis, como evitação, bocejo, evasão de contato visual (desviar o olhar ou virar a cabeça para o lado), postura corporal baixa, orelhas puxadas para baixo e para trás, cauda abaixada, às vezes até entre as patas traseiras etc..
Esses comportamentos são uma tentativa de resolver uma situação sem ter que recorrer a uma agressão severa:
- Pode ser uma reivindicação de um recurso valioso:
"Não quero compartilhar meu osso!"
- Talvez seja uma expressão de medo:
"Estou muito desconfortável; por favor, vá embora!"
- Pode ser que o cachorro esteja com alguma dor:
"Isso dói; por favor, pare!"
Muitas vezes, os cães são forçados a subir os degraus da escada da agressão, de rosnado leve, postura rígida e olhar fixo até uma investida que combina um bote com uma mordida, ou coisa pior, simplesmente porque nós não prestamos atenção ou não somos capazes de interpretar os sinais que eles nos dão segundos antes.
Um profissional de comportamento canino e adestramento, desde que seja qualificado e atualizado, pode te ajudar a criar e implementar um programa apropriado de manejo (prevenção, controle) e modificação emocional-comportamental (tratamento) sem o uso de força ou intimidação, visando aumentar a autoconfiança do seu cão inseguro e melhorar a resposta emocional dele em relação a estímulos que hoje ele enxerga como ameaças.
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